quarta-feira, 18 de agosto de 2010

TEMAS DIVERSOS

Teria Jesus um corpo físico ou fluídico?

O corpo fluídico que Jesus teve foi o mesmo que possuem todos os Espíritos encarnados no planeta, ou seja, seu perispírito que age na intimidade da matéria servindo de laço entre ela e o Espírito. Certamente, tratava-se de um corpo espiritual bem mais etéreo que os que possuem os comuns dos mortais. Entretanto sua pergunta diz respeito a uma teoria existente no meio espírita de que Jesus não teve um corpo de carne, ou seja, que o corpo de que utilizou quando de sua passagem pelo nosso planeta, foi fluídico, nada tendo de real o seu nascimento, seu sofrimento e tudo o que vivenciou como Espírito encarnado. Esta teoria foi introduzida no meio espírita por meio da obra de um advogado francês, chamado Jean Baptiste Roustaing, que à época da Codificação kardequiana publicou quatro volumes do que ele chamou de "Revelação da Revelação", pois, segundo ele, foi ditado pelos evangelistas e pelo profeta Moisés. Neste livro, chamado os Quatro Evangelhos, ele diz textualmente que Jesus não teve um corpo carnal, mas um corpo fluídico, e que sua evolução se deu em linha reta, ou seja, que não conheceu a ignorância nem o sofrimento, contradizendo o próprio Cristo quando disse que não veio destruir a Lei, mas cumpri-la. Segundo os princípios da Doutrina Espírita isto não tem o menor fundamento e não encontra sustentação na razão. Jesus veio ao mundo como o maior de todos os Espíritos que já encarnaram neste planeta, mas da mesma forma que todos reencarnam: foi concebido através da conjunção carnal, foi amamentado por sua mãe, cresceu normalmente como criança excepcional que era e mais tarde apareceu já adulto para desempenhar sua divina missão de reformador da humanidade. Se assim não fosse Deus teria dois pesos e duas medidas. Essa teoria esdrúxula é apenas uma das muitas existentes nesses livros, que entra em contradição fragorosa com a doutrina codificada por Allan Kardec, mas que inexplicavelmente é editado e divulgado pela Federação Espírita Brasileira.


Gostaria de saber se existe algum preconceito sobre as obras de Ramatís e o porque de elas não serem tão divulgadas?

Não existe nenhum preconceito por obra nenhuma. O que acontece é que a Doutrina Espírita foi codificada por Allan Kardec e tem um corpo doutrinário deixado por ele para que seus seguidores pudessem avançar no conhecimento das coisas espirituais. A isso chama-se Espiritismo. E é essa doutrina que os espíritas (ou os que pretendem sê-lo) devem estudar incansavelmente para compreender sua essência e objetivo. Existe no meio espírita uma avalanche de obras que não são espíritas e que tomaram espaço devido ao desconhecimento da doutrina kardequiana. São opiniões de Espíritos que tem seu valor como opinião pessoal, mas não podem ser incorporadas como parte da doutrina básica, pois não se submeteram à chancela do Controle Universal dos Espíritos. As obras de Ramatís, em boa parte, são baseadas na doutrina esotérica. O médium que as recebeu, chamado Hercílio Maes, nunca foi espírita. Portanto, seus ensinamentos carecem de base doutrinária mais sólida. Sem entrar no mérito dos ensinamentos ali existentes, nosso alerta é para que as pessoas estudem antes a Codificação kardequiana a fim de que possam saber separar joio de trigo existentes nos livros de Ramatís ou em qualquer outro. Sem isso certamente será bem fácil introduzir práticas estranhas e antidoutrinárias nos centros espíritas.


O que acontece com o Espírito da pessoa que entra em coma?

O estado de coma é caracterizado por grave alteração cerebral, com comprometimento das funções neurológicas normais e abolição dos reflexos superficiais e/ou profundos, levando a uma interrupção temporária ou definitiva da capacidade do indivíduo se comunicar com o meio exterior. Se for um Espírito desenvolvido poderá desprender-se do corpo por alguns momentos e mesmo entrever e compreender o que se passa com ele. Mas se for um indivíduo atrelado ao lado material da vida, sem nenhuma noção da dimensão espiritual e de sua condição de Espírito imortal, sofrerá todas as fases do processo, permanecendo preso do corpo físico. Em alguns casos, o Espírito fica também em estado torporoso, experimentado as mesmas sensações do coma.


Qual a opinião da doutrina kardecista sobre a hipnose e a terapia de vidas passadas?

No capítulo V, item 11, de O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec assim instruiu: "Se Deus considerou conveniente lançar um véu sobre o passado, é que isso deve ser útil. Com efeito, a lembrança do passado traria inconvenientes muito graves. Em certos casos, poderia humilhar-nos estranhamente, ou então exaltar o nosso orgulho e, por isso mesmo, dificultar o exercício do nosso livre arbítrio. De qualquer maneira, traria perturbações inevitáveis às relações sociais". Na verdade, o esquecimento do passado é uma bênção. Fica fácil entender isso se levarmos em consideração o estágio evolutivo da maioria dos Espíritos deste planeta. A Terra, sendo um local onde ainda predomina o mal, o passado dos que nela habitam não deve ser nada agradável, pois estamos bem mais próximos do ponto de partida que do de chegada, em termos de evolução espiritual. Portanto, a lembrança de suas experiências ruins certamente trará muito mais prejuízos para o Espírito, do que lucro. Além do mais, muitas dessas chamadas "regressões" estão envoltas em muita fantasia, não havendo a certeza absoluta de que a pessoa fez uma regressão real ou não. As terapias baseadas em regressão a vidas passadas nada têm a ver com a Doutrina Espírita, embora seja divulgada com muita ênfase nos congressos e encontros espíritas. É bom lembrar que não se deve permitir que seja praticada dentro das casas espíritas.


Há fundamento na reportagem que saiu dizendo ser Chico Xavier a reencarnação de Allan Kardec?

Não, não há fundamento nessa afirmativa. Francisco Cândido Xavier é um médium missionário, que teve a tarefa de popularizar a Doutrina dos Espíritos. É um Espírito de inegáveis qualidades, mas de personalidade e pensamentos sem qualquer semelhança com Allan Kardec. Essa afirmativa nasceu no meio de seu "amigos" e é originada do fanatismo e idolatria que infelizmente o envolve. Allan Kardec ensina que podemos reconhecer os Espíritos através de suas idéias e pensamentos. Basta usar o bom senso e analisar as patentes diferenças existentes entre ambos.


Devemos aguardar algum tempo depois de constatada a morte cerebral no indivíduo? E se o corpo for cremado?

Em caso de morte cerebral, é prudente que se espere por um certo tempo, até que as funções vitais orgânicas se esgotem, para que se caracterize a morte propriamente dita. Esse tempo varia de indivíduo a indivíduo e como tudo está atrelado às leis divinas, certamente que depende da necessidade de cada um. Quanto ao ato de cremação, ele deve ser evitado, pois se o Espírito não tiver entendimento da existência da vida espiritual ele poderá sofrer uma perturbação momentânea, caso esteja assistindo o ato. Entretanto, a queima do corpo físico nada significa para os que se desprendem do corpo carnal com serenidade e compreensão dos ensinamentos da Espiritualidade.


O Centro Espírita deve fechar as portas nos feriados?

O Centro Espírita bem orientado funciona como um pronto socorro espiritual. É um posto avançado do Bem na terra. Da mesma forma que não se fecha as portas das emergências nos hospitais, também não se concebe que as casas espíritas não funcionem nos feriados, natal, carnaval, ano novo, ou que tirem férias etc. Um Centro Espírita organizado se estrutura para que seus trabalhadores tenham períodos de férias, havendo uma alternância de equipes, de forma de que o trabalho não sofra prejuízos.


Nos eventos beneficentes da casa espírita devemos servir bebidas alcoólicas? Em caso negativo, não seria desagradável para com os visitantes que gostam da bebida, deixar de servi-la?

O Centro Espírita é uma escola onde o homem aprende a se reeducar para a vida. É um local onde os princípios da moral de Jesus devem ser vivenciados e exemplificados na sua integridade, pois Ele disse: "Sede perfeitos". Os vícios, de qualquer natureza devem ser combatidos, pois escravizam o homem. A Doutrina Espírita nada proíbe, mas mostra ao homem, através da fé raciocinada, que ele é livre para realizar seus desejos, mas deve ter consciência das conseqüências boas ou más de seus atos. O ato de beber ou fumar jamais fez bem a quem quer que seja. Servir bebida alcoólica num evento espírita, sob o pretexto de agradar as pessoas que fazem uso dela ou, como querem alguns, para não ferir o livre arbítrio das pessoas, é uma grande incoerência. Além do mais, as casas espíritas freqüentemente estão envolvidas no tratamento de pacientes que possuem problemas com o álcool e seria um contra-senso tal atitude. Lembremo-nos que o exemplo arrasta mais que as palavras.


É lícito fazer rifas e bingos para arrecadar dinheiro para a instituição espírita?

Embora as rifas e bingos tenham sido legalizados para atenderem interesses de determinados grupos que exploram esse tipo de prática, tratam-se de jogo de azar, com todos os inconvenientes materiais e espirituais que ele produz. Nem tudo o que é lícito é ético e correto, haja vista a legalização do aborto, da pena de morte e da própria eutanásia em alguns locais do planeta. Jogos, incluindo bingos e rifas, são imorais e não se coadunam com os princípios espíritas. O fato de serem realizados com fins "nobres", segundo a justificativa dos que defendem sua realização nas casas espíritas, não os isentam de conseqüências desastrosas para o Espírito imortal. Se os fins justificassem os meios, teríamos que aceitar como corretas as ajudas vindas dos traficantes para as favelas que lhes dão apoio, pois investem numa melhor qualidade de vida dos favelados, embora com dinheiro retirado da podridão humana. Existem maneiras mais éticas e inteligentes de serem arrecadados fundos para as obras dos centros espíritas.


Qual a diferença entre prova e expiação?

A expiação, como o próprio nome diz, é um cumprimento de pena, é um resgate de débitos passados. Está ligada geralmente a existências anteriores. As provas, são situações em que o Espírito será testado em sua capacidade de suportar as dificuldades. Se sair-se bem estará apto a subir mais um degrau na escalada rumo à perfeição. É como numa escola. O aluno assiste às aulas para ser testado com as provas, em determinado tempo, se aprendeu mesmo as lições. Caso comporte-se inadequadamente, será punido com reprovação ou mesmo expulsão da escola, sofrendo as conseqüências de seus atos. É a expiação. Quanto mais evoluído o Espírito, menos expiação ele passa.


O Centro Espírita deve utilizar das práticas de cromoterapia, cristalterapia, receituários, regressão de memória, velas, imagens ou rituais em seus trabalhos?

A casa espírita que se orientar pelos ensinamentos dos Espíritos superiores não realiza tais práticas, pois elas nada têm a ver com a doutrina codificada por Allan Kardec. O Espiritismo ensina tão somente a moralização do indivíduo e suas práticas são desprovidas de aparatos exteriores. Suas terapias, como as de Jesus, fundamentam-se na instrução moral e na reposição de energias e fluidos espirituais, feita pela imposição das mãos. Os centros que praticam tais terapias ou rituais, têm liberdade para fazê-lo, porém não deveriam considerar-se "espíritas". Infelizmente, os centros espíritas estão cheios de modismos e doutrinas estranhas, oriundos da falta de conhecimento da doutrina básica. Não há como saber separar joio do trigo se não soubermos identificar um e outro. Isso só é possível com o estudo sério, disciplinado e sincero das obras da codificação kardequiana.


Os filhos de casais espíritas devem ser batizados? E o casamento na igreja, é permitido?

O batizado é uma prática católica, oriunda do judaísmo. Significa a entrada da criatura na religião cristã. É um ato eminentemente exterior e que nada significa para o Espírito, uma vez que é feito quando ele ainda não tem condições de maturidade para decidir por esta ou aquela crença. Da mesma forma, o casamento na Igreja obedece um ritual que pouco tem a ver com o lado espiritual da relação do casal. É muito mais uma questão cultural que religiosa. Há pessoas que só foram à igreja no dia de seu casamento, portanto, não professam de fato essa religião. Os espíritas, os que realmente compreendem a Doutrina que abraçam, certamente não necessitam disso. Para eles, o casamento é uma instituição humana que deve ser regularizada perante as leis da sociedade. Se ainda optam por práticas religiosas convencionais, ainda estão longe de entender de fato o papel do Espiritismo em suas vidas. São es "espíritas-católicos", aqueles que freqüentam os centros, mas não deixam de acender suas velas, batizar seus filhos, casar na igreja etc.


Por que a Doutrina Espírita aconselha que não sejam acendidas velas para os desencarnados em nossa casa?

O ato de acender velas para os desencarnados vêm da crença antiga de que eles estão precisando de luz. Quando os homens ainda estavam na ignorância em relação às coisas espirituais, esse procedimento era compreensível, pois não se sabia como as coisas se davam de fato. Entretanto, depois do advento do Espiritismo, tudo ficou explicado e sabe-se que a luz que os Espíritos necessitam é a luz do esclarecimento e as boas vibrações enviadas a eles através das preces sinceras e amorosas de seus ente queridos. Apenas os Espíritos atrasados pedem velas por acharem que o escuro em que se encontram pode ser resolvido com a claridade material oferecida pela luz artificial. A Doutrina Espírita explica a razão das coisas, nos levando a ter um conduta cada vez mais racional e equilibrada, pois fundamenta a fé na razão e no bom-senso.


Gostaria de saber como a Doutrina Espírita explica a Transcomunicação Instrumental?

A Doutrina Espírita não fala da chamada Transcomunicação Instrumental - TCI, que tem sido objeto de comentários em artigos e livros contemporâneos. Mas o Espiritismo explica como se originam esses fenômenos que são simples efeitos físicos: ação dos Espíritos no mundo material, por meio de ectoplasma. Nas pesquisas em torno da TCI existem muitas fantasias que devem ser encaradas com cautela, pois a pretexto de explicação científica, os investigadores defendem a tese de que o fenômeno não necessita de médiuns, o que contraria frontalmente a teoria kardequiana. Querem os cientistas que a máquina substitua o homem no intercâmbio espiritual também. Recentemente se descobriu fraudes em uma "transfoto", que foi apresentada como originárias no Além, mas que na verdade fora tirada na Índia, num templo jainista. Muitas pessoas que se envolvem com esses fenômenos acabam fascinadas por Espíritos inferiores e perdem-se em justificativas fantasiosas e irracionais. É preciso ter cuidado, pois é uma área que carece ainda de muitos estudos para que se tire conclusões que atendam ao bom-senso.


Os espíritas, assim como os católicos, são contrários ao uso do preservativo? Por que?

Os espíritas não são contrários ao uso de preservativos, pois seria um contra-senso fazê-lo. Eles são necessários, tanto como método anticonceptivo para planejamento familiar como forma de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como AIDS, Sífilis, Hepatite B e outras igualmente graves.


Um casal tem o direito de escolher a quantidade de filhos que quer ter? O Espiritismo aceita algum método anticoncepcional ?

A Doutrina Espírita ensina ao homem a arte de viver com bom senso e equilíbrio, baseado na racionalidade e sabedoria dos ensinamentos dos Espíritos superiores. O casal escolhe quantos filhos quer ou pode ter, assim como faz todas outras tantas escolhas em sua trajetória de vida. Certamente existe uma programação de vida para os Espíritos, obedecendo as leis das probabilidades, bem como para atender às necessidades do Ser, mas não faz sentido afirmativas de que viemos com uma quantidade de filhos predeterminados para se receber. Se assim fosse teríamos que anular o livre arbítrio e condenar as medidas de controle da natalidade, o que seria um contra-senso. Essa teoria poderia nos levar a pensar também porque teria Deus programado mais filhos para pessoas de condição social mais baixa, quando justamente estas são as que têm menor possibilidade de proporcionar condições dignas de vida. Portanto, a quantidade de filhos que se quer ter deve ser programado por nós, não esquecendo porém que a tudo Deus rege e permite. Evidentemente estamos nos referindo a Espíritos de condição mediana de evolução, pois a vida de Espíritos atrasados obedece mais ao determinismo que ao livre-arbítrio, pela falta de condições destes em exercitá-lo.


Onde é que um hipnotizador atua? Como consegue induzir uma pessoa a fazer as mais bizarras atitudes? Em resumo como funciona o hipnotismo à luz do Espiritismo?

O hipnotizador age como um Espírito obsessor que pudesse materializar-se e exercer domínio diretamente naquele que lhe permite a influência. Atua no campo fluídico, energético e psicológico do paciente, através do consciente (no caso das obsessões a sugestão é feita no inconsciente). Envolve o hipnotizado com suas energias magnéticas, submetendo-o ao seu jugo. Freqüentemente o hipnotizador age secundado por Espíritos que se divertem com suas traquinagens. Alguns profissionais tem usado a hipnose para tratar de algumas tipos de anormalidades comportamentais, mas atuam nos efeitos, sendo que a causa muitas vezes permanece inalterada. Nos casos de sugestão hipnótica consciente, a ordem atravessa o consciente e instala-se no inconsciente, embotando a vontade e a percepção. Atua no mesmo campo onde acontecem os sonhos, sobre o qual, o hipnotizado não tem domínio. É aí que se forma a ilusão de que se faz vítima. O indivíduo só é hipnotizado se tiver afinidade energética com o hipnotizador e com os Espíritos que o assistem.


Li no livro "Os mensageiros" de André Luiz, que antigamente era usado o método do 'sopro' para curar irmãos encarnados. Hoje em dia não se utilizam mais esse método. Qual a sua opinião sobre esse fato?

A técnica chamada "sopro" é de origem esotérica e fundamenta-se na tese de que a respiração absorve um elemento vital chamado pelos hindus de "prana". Seria o fluido vital do Espiritismo. Pensa-se que o ato de soprar o ar (sem deixá-lo ir aos pulmões) sobre um indivíduo poderia transmitir a ele essas energias. Sabemos pelos Espíritos superiores e estudos feitos por Allan Kardec, que o fluido vital é transmitido diretamente pela imposição das mãos. Portanto, não vemos motivo para usar o método. E, não se pode esquecer que ele não tem qualquer base doutrinária.


Qual é a atitude do espírita perante as pessoas que concordam com seus princípios mas gostam de freqüentar igrejas ou outros locais de culto?

Aqui temos que separar as coisas. Há pessoas que concordam com os princípios da Doutrina Espírita, mas têm suas crenças ou religiões, não se dispondo a abandoná-las. Há outras que freqüentam as casas espíritas regularmente, são simpatizantes do Espiritismo, mas permanecem também freqüentando igrejas, e abraçando suas crenças de origem. Há aquelas que se dizem espíritas, estão no trabalho espírita há anos, mas permanecem atreladas ao atavismo das antigas religiões e ainda atendem a ritos e dogmas, como acender velas, batizar filhos, encomendar missa de sétimo dia para entes queridos etc. E há os espíritas verdadeiros, aqueles que abraçam o ideal por compreenderem verdadeiramente a que se destina. Esses, segundo Allan Kardec, são reconhecidos por lutar constantemente para vencer suas más inclinações, com sinceridade e desejo ardente de aprimoramento. A posição do Espiritismo e do espírita é a de respeitar cada um, dentro de suas limitações, entendendo que todos vivem experiências que servirão, de uma forma ou de outra, para seu aprendizado como Espírito imortal. Não esquecendo, entretanto, de se esclarecer pontos de vistas para se fazer a luz nas consciências ainda dominadas pela ignorância das verdades eternas.


Antes de dormir podemos pedir aos Espíritos instruções a respeito de alguma decisão que eu tenhamos que tomar?

Quando dormimos, nosso Espírito desprende-se do corpo e vai viver experiências no mundo espiritual, dependendo de sua evolução e tendências. Freqüentemente nossos amigos do invisível nos instruem sobre questões importantes de nossas vidas, mas nem sempre lembramos, pois assim seria anular o livre arbítrio do ser. Tudo fica no campo da intuição, que podemos aproveitar ou não.


Sendo Alan Kardec o maior expoente da Codificação, gostaria de saber se após estes mais quase 150 anos ele já se comunicou com algum médium e se há psicografias que se possa examinar.

Não há notícias confiáveis de que Allan Kardec tenha se comunicado até hoje. As poucas comunicações que trazem o nome do Codificador são provavelmente apócrifas, pois nada tem do pensamento lógico, racional e lúcido do Mestre. Pelo contrário, são a antítese de sua linha de raciocínio. Como a única forma de se reconhecer um Espírito é pelos seus escritos, é fácil identificar as mistificações que vieram com seu nome. Além do mais, os grandes missionários não se comunicam com a freqüência que se imagina e quando o fazem quase nunca assinam seus nomes.


Explique-nos, por favor, o significado das campanhas do quilo que são feitas pelos espíritas? De onde se originou esta idéia?

As campanhas do quilo, chamadas "Auta de Souza", em homenagem a uma poetisa desencarnada no início do século e que dizem ser a mentora espiritual do trabalho, foram criadas por um grupo de caravaneiros espíritas na década de 50, com o objetivo de angariar recursos para as famílias pobres assistidas por eles. São frentes de trabalho existentes em casas espíritas do país inteiro, que se resumem em pedir, de porta em porta, gêneros alimentícios que possam amenizar a fome de irmãos mais necessitados. Junto a isso, se aproveita para levar mensagens de divulgação da Doutrina Espírita ao povo, que ajuda com as doações. As campanhas de arrecadação de alimentos são criticadas por algumas pessoas que entendem ser esta uma atividade menor dentro da casa espírita. Entretanto, além de dar uma ajuda substancial aos irmãos em estado de pobreza material, trata-se de excelente meio de exercício da humildade. Compreende-se que deve ser prática bem difícil para os que se acham importantes por terem alcançado espaço nos meios científicos ou acadêmicos do mundo, pois geralmente é de onde vêem as críticas mais acerbas. Aos que têm dúvidas se este é um trabalho de caridade ou não, aconselhamos a aplicar o segundo maior mandamento da Lei: "amar ao próximo como a ti mesmo". Ou então, meditar sobre a Parábola do Samaritano, em Mateus 10 - 30 a 37.


Qual a opinião da Doutrina Espírita sobre os métodos de reprodução assistida como "bebê de proveta " e outros?

A Doutrina Espírita auxilia o homem na compreensão dos mecanismos da vida e nisto está implícito a necessidade do progresso em todos os sentidos. A ciência terrena é área onde o homem exerce suas potencialidades evolutivas, seja no que diz respeito a novas descobertas, seja na constatação de sua impotência diante da Criação. Os avanços científicos em todas áreas servem de alavanca para o aprimoramento da humanidade e em tudo está a Sabedoria Divina, que vê com naturalidade as tentativas do homem em busca de si mesmo e seus esforços de melhorias. 
Todas as investidas ousadas do homem no campo da ciência está sob o controle da ordem universal, embora os cientistas não acreditem nisso. Enquanto não subverter o equilíbrio do orbe serão consentidos por Deus, que é a inteligência suprema que a tudo rege e provê. Os bebês de proveta são uma realidade e uma conquista do homem nesse campo, resolvendo problemas de muitos casais sem filhos. Entretanto, ultimamente têm assumido uma feição preocupante, pois proporciona gestações múltiplas, muitas vezes inviáveis do ponto de vista da vitalidade do feto, gerando a necessidade de sacrificar alguns deles. Isso, em uma sociedade materialista nada representa, mas para os que já compreendem a realidade da imortalidade do Espírito, certamente geram situações dolorosas de luta íntima e evidentemente conseqüências futuras.
Outro aspecto que preocupa é o da existência de bancos de sêmem, que fornecem espermatozóides de homens desconhecidos, para fertilizarem óvulos de mulheres que desejam ter a chamada "produção independente de filhos". Evidentemente, trata-se de uma questão de graves conseqüências, quando se considera a moral cristã e os interesses da família como célula estruturadora do equilíbrio do homem.


O embrião congelado possui Espírito?

Não possui. Ali está apenas a matéria com seu princípio vital. Quando o embrião é designado para a fertilização "in vivo", então se dará a ligação espiritual, como se naquele momento estivesse acontecendo a fecundação. A matéria, nesse caso, poderá reproduzir matéria orgânica sem que necessariamente haja Espírito ligado a ela.


Como a Doutrina Espírita vê a doação de órgãos?

A Doutrina Espírita não deu opinião sobre o assunto, pois na época da Codificação ainda não havia o transplante de órgãos. O que se sabe dos Espíritos superiores é que o corpo é apenas um instrumento para o progresso do Espírito imortal quando ele está na carne. Depois do desencarne, não há nenhuma razão para pensar no corpo carnal que voltará a integrar-se na natureza pela decomposição. Porém, é preciso entender que em alguns casos onde ocorre o desencarne de pessoas excessivamente apegadas ao corpo ou à vida, pode haver a necessidade do Espírito assistir o período de seu velório. Nessas situações (que normalmente são expiações) o transplante ou a cremação de corpos poderão causar uma perturbação momentânea no desencarnado, por ele não compreender a razão de seu corpo ter algumas partes retiradas ou o motivo pelo qual foi queimado. Tudo isso, no entanto, acontece com a permissão de Deus e, infelizmente, por causa do pouco entendimento das pessoas a respeito do que seja a imortalidade da alma e as conseqüências de um excessivo apego à matéria.


Existe vida fora da Terra?

"Há muitas moradas na casa de Meu Pai", disse Jesus no Evangelho de João, 14: 1 a 3, e assim é. Deus não criaria o Universo para povoar somente um pequeno e atrasado planeta que é a Terra. Há mundos habitados em vários graus de evolução e, segundo os Espíritos Superiores, a Terra está em segundo lugar na categoria dos mundos, que varia de mundos primitivos até mundos divinos, sendo nosso planeta um mundo de provas e expiações.


Que tem o mundo espiritual a dizer sobre os seres extraterrestres? Eles existem?

Um dos princípios da Doutrina Espírita é a pluralidade dos mundos, portanto nada mais natural que existam seres extraterrestres. Mas é preciso tratar do assunto com certa reserva. A vida se manifesta por princípios lógicos e racionais. As leis orgânicas observadas na Terra são as mesmas em qualquer lugar do Universo. Portanto, não há razão para se acreditar em seres constituídos por outra matéria diferente daquela que encontramos no nosso pequeno mundo. A Criação é a mesma em qualquer quadrante que estiver o observador, assim como o mar é o mesmo em todos os pontos onde for examinado. Pode-se supor, no entanto, que futuramente teremos contatos com seres humanos de outros mundos, de feições mais delicadas que as nossas, mas nunca os "monstrinhos" que a imaginação fértil dos produtores de filmes tem apresentado à humanidade. Também não dá para se admitir que aconteçam "guerras nas estrelas". As civilizações mais adiantadas tecnologicamente e que viajam pelo Universo, são moralmente elevadas e não possuem armas bélicas. Guerra é um procedimento de planetas primários como o nosso. Se os extraterrenos estiveram na Terra em algum período, não se sabe. Supõem-se que sim. Se vão estar no futuro, também não se tem certeza. Se estão entre nós, devem ter motivos para se manter em silêncio. Mas o assunto ainda está em aberto para ser estudado por quem se interessa por ele. De concreto, ainda não se viu nada que convença qualquer uma destas hipóteses.


O Espiritismo acredita que, no futuro o homem poderá viajar no tempo? É possível que um Espírito que viveu no século XX reencarne em um século anterior? O que o mundo espiritual nos fala dessa relação espaço-tempo?

O fundamento das encarnações é o progresso do Espírito como ser imortal. Só existe o presente. O passado é o passado e não existe mais, a não ser na memória da criatura que viveu a experiência. Serve apenas como aprendizado para o Espírito, pois permanece gravado em seu patrimônio espiritual. O mundo material também progride, juntamente com o progresso de seus habitantes. O que ontem era novidade, hoje não é mais. Portanto, o século passado, como o próprio nome diz, passou. Não ocupa lugar algum do passado como costumamos ver nos filmes de ficção. Tudo é dinamismo na natureza e as mudanças são necessárias para o aperfeiçoamento das duas grandezas da criação: a matéria e o Espírito.


Na visão espírita, o que realmente significam os sonhos? Mensagens ou avisos dos desencarnados?

Os sonhos são experiências que o Espírito tem no mundo espiritual, quando se desprende do corpo, no momento do sono. Nem sempre são boas por conta do atraso do mundo e das pessoas que nele vivem (nós). Dificilmente nos lembramos dos fatos com clareza. A maioria das lembranças são fantasias da mente das pessoas que sonham.


Os embriões congelados já não constituem uma vida? E assim sendo, ali já não habita um ser espiritual?

Os embriões congelados constituem vida orgânica, mas não vida espiritual, pois o Espírito só estará ligado a ele quando tiver possibilidade concreta de vir a ser implantando, pois de que adianta ligar-se a um "corpo" que não dará seqüência em seu crescimento? Lembre-se de que a encarnação se dá gradativamente, à medida que a gravidez avança e só se completa no momento do nascimento. Sugerimos a leitura dos itens 330 a 360 de O Livro dos Espíritos para melhor compreensão do assunto. Nesse capítulo tem toda a explicação de como isso se dá.


Com relação a uma jovem que desencarna com 29 anos, assassinada por assaltantes, pergunto: Ela teria algo a expiar neste sentido ou é somente conseqüência da maldade que ainda existe na Terra e ela acabou sendo uma vítima?

Não há como se saber com certeza a verdade dos fatos relatados, mas a Doutrina dos Espíritos nos ensina que em todas as circunstâncias a lei (de causa e efeito) está agindo. Neste caso, como foi em conseqüência de assalto, provavelmente ela (que nada tinha a ver com o assaltante) saldou um débito com a Lei. Claro que foi em conseqüência da maldade humana, pois ninguém vem ao mundo para morrer assassinado dessa forma. Mas Jesus disse que era necessário que o escândalo viesse, mas ai daquele por quem o escândalo se desse. O escândalo é o mal. Ou seja, neste mundo de atraso, onde o mal existe e predomina, freqüentemente as situações de dor são ocasionadas pela maldade humana como esse caso e tantos outros semelhantes, sem deixar de considerar as necessidade do próprio Espírito envolvido, sanando seus débitos do passado. Em todas as circunstâncias devemos analisar os fatos de maneira racional. Se, por exemplo, são situações decorrentes da imprudência e da falta de moralidade das criaturas, nem sempre está ali a necessidade, mas a conseqüência do livro arbítrio da criatura. É o caso dos assassinatos em brigas de rua, entre pessoas de má índole etc., ou nos casos de morte no trânsito por imprudência etc. Nem sempre é resgate, mas sim uma precipitação por parte do Espírito e uma antecipação de seu retorno.


Se essa pessoa estivesse na prática da caridade, ela evitaria a sua própria morte prematuramente?

A prática efetiva da verdadeira caridade (em seus aspectos morais), conduz o homem no caminho do Bem. Andando por ele, certamente uma pessoa desencarnará no período previsto pela Espiritualidade, quando de seu regresso à verdadeira pátria do Espírito. Se por razões espirituais, tiver que passar uma situação de perder sua vida, agredida por uma assaltante, ninguém poderá livrá-la desse destino, pois ele foi criado por ações do passado. No entanto, deve-se levar em conta que em todas as provas, a prática dos princípios morais do Evangelho atenua o sofrimento e a necessidade.


Os amuletos tem algum poder sobre os Espíritos?

Os amuletos só impressionam os Espíritos de pouco entendimento. Os superiores não se ocupam de ritos ou superstições, pois a preocupação é com o lado essencial do ser, ou seja sua iluminação interior.


Pode-se consultar cartomantes e videntes?

Pode, mas não se deve, pois corre-se grande risco de receber “orientação” de um Espírito atrasado. Afinal os Espíritos mais adiantados não se prestam a esse tipo de atividade.




QUESTÕES MORAIS

O que é o pecado, segundo o Espiritismo?

Pecado é todo e qualquer ato que contrarie as leis de Deus (leis naturais). Paulo de Tarso, na Bíblia, diz que sem Lei não existe pecado. Isso quer dizer que à medida que o homem toma consciência da Lei de Deus, aumenta sua responsabilidade em relação aos erros e igualmente o rigor em seu próprio julgamento. É somente nessa transgressão que se resume o pecado.


Qual a definição, segundo o Espiritismo, de moral e de intelectualidade?

Moral é um conjunto de princípios que rege a vida dos indivíduos em uma sociedade. São valores adquiridos pelos homens em suas inúmeras experiências encarnatórias. A moral sadia é aquela que se fundamenta nos princípios da doutrina de Jesus que é o modelo maior de virtude que já esteve no planeta. Reconhece-se o adiantamento de um povo quando as leis que regem a sociedade são justas e as pessoas vivem de forma equilibrada. A intelectualidade é o crescimento do indivíduo dentro do conhecimento científico, no sentido mais amplo que se pode dar a esse termo. É o saber conseguido pelo seu esforço pessoal no campo das ciências humanas. O ser intelectualizado, teoricamente, teria condições melhores de compreender os mecanismos das leis divinas (naturais). Entretanto, no nível evolutivo em que se encontram os Espíritos neste planeta, freqüentemente dá-se o contrário, pois julgam-se doutos e sábios por si mesmos, nada atribuindo à sabedoria de Deus. Mas haverá um tempo em que os homens inteligentes também serão sábios (no sentido da moralidade), fazendo avançar mais rápido a humanidade.


Qual a finalidade da infância no homem?

A infância é um estado especial do Espírito encarnado. Nela, o indivíduo ainda não possui o livre arbítrio totalmente disponível. É nesta fase que se pode receber os ensinamentos dos pais, sem refutar. Na infância os sentidos do Espírito estão mais sujeitos a modificações pelo aprendizado através da instrução e principalmente do exemplo dos pais. Nos mundos mais evoluídos o período da infância é menor, pois os seres que ali habitam são mais adiantados, não necessitando de um período de infância muito extenso. Na adolescência o Espírito readquire total liberdade de agir, o que comprova a existência de crianças amáveis, que podem vir a ser adolescentes rebeldes ou vice-versa. Só iremos saber que tipo de Espíritos são nossos filhos nessa segunda fase da vida.


O homem e a mulher são tratados igualmente perante às Leis Divinas?

Se assim não fosse não haveria justiça. Os Espíritos serão reconhecidos pelo bem que fizeram, independentemente do sexo, raça ou condição social que tinham quando encarnados. Reencarnar em ambos os sexos, serve apenas como experiência para aprendizado do Espírito. Reencarnando como homem, podem aprender a usar a razão com maior ênfase do que com o coração, desenvolver atividades que utilizem maior força física etc. Como mulher poderá aprender a usar maior sensibilidade e a abençoada maternidade. Não se segue daí que o homem não tenha sensibilidade ou que a mulher não use a razão, claro. Se reencarnarmos nos dois sexos, teremos um equilíbrio entre as duas forças e formas de aprendizado. A Doutrina Espírita ensina que os homens e as mulheres são iguais perante Deus, e são dotados dos mesmos direitos. No entanto, possuem funções específicas na situação encarnatória em que se situam.


Por que existem tantas injustiças sociais na Terra?

Segundo Allan Kardec, através das instruções dos Espíritos Superiores, a Terra é um planeta atrasado, de provas e expiações. Portanto, morada de Espíritos imperfeitos que necessitam de ajustes decorrentes de sua própria condição espiritual. Não se mandam pessoas sãs aos hospitais e a Terra é um grande hospital, onde habitam criaturas enfermas da alma para sua depuração através de suas experiências na matéria. As injustiças sociais são conseqüências do egoísmo e orgulho do homem atrasado. Com a evolução social e moral da humanidade, o homem aperfeiçoará suas leis e viverá numa sociedade mais justa e fraterna.


Por que sentimos antipatias ou simpatias por algumas pessoas que nem conhecemos?

Tudo se fundamenta na lei das afinidades fluídicas. Os pensamentos que emitimos impregnam o ambiente onde estamos e atrai outros que pensam da mesma forma, assim como funciona como força de repulsão para quem tem pensamentos contrários. Nem sempre as antipatias gratuitas são resultados do passado, como se costuma acreditar. Portanto somos atraídos para os que nos são simpáticos e nos afastamos de quem não temos afinidades. Chegará um dia em que toda a humanidade estará reunida em um único campo energético de amor e paz, e aí não haverá mais sofrimentos, nem dores.


E quanto aos vícios, de cigarro, bebida ou drogas? Porque dizem que esse vícios são morais? Não seriam vícios físicos?

Todos os vícios e virtudes são inerentes ao Espírito encarnado. É uma incoerência afirmar que o vício do cigarro, por exemplo, é físico e nada tem a ver com moral. Se assim fosse teríamos que admitir a supremacia do corpo sobre o Espírito e não o contrário, como se dá de fato. A razão repudia tal afirmativa. Os vícios são uma espécie de muleta psicológica das criaturas que nele vivem, decorrentes de fraquezas em sua estrutura moral. Entregam-se ao vício por alguma razão e é penoso para elas se desvencilharem dele. São pessoas que necessitam de auxílio, se assim o quiserem. Além, é claro, de adquirir débitos com a lei de Deus, por maltratarem seu corpo físico, santuário da evolução do Espírito. Os vícios, quaisquer que sejam, devem ser combatidos e as pessoas que com eles se envolvem, auxiliadas e estimuladas a se libertarem deles.


O que acontece quando uma pessoa comete o suicídio?

Os suicidas são criaturas em débito com a lei de Deus, assim como todos os que a infringem de uma forma ou de outra. Claro que trata-se de grave delito e o Espírito sofrerá as penas dessa infração. Sofrerá as conseqüências de seus atos, que depende muito das circunstâncias que envolveram a situação em si. Cada caso é um caso, pois trata-se de individualidades, e não se deve generalizar como se todos os suicidas tivessem o mesmo destino, em termos da vida espiritual. As experiências de um Espírito nesse campo pode ser completamente diferente de outro. As leis de Deus são justas e sua justiça levará em conta os atenuantes e agravantes de cada caso. Evidentemente que todos experimentam muito sofrimento quando entendem a gravidade do ato que praticaram. Muitos permanecem presos a regiões astrais onde estão outros irmãos com igualdade de pensamento, obedecendo a lei das afinidades. O tempo que permanecem no sofrimento depende da consciência e da condição evolutiva do Espírito.


Qual a opinião do Espiritismo sobre o divórcio?

A Doutrina Espírita nos incita à compreensão de nossas responsabilidades como Espíritos imortais em experiências transitórias na carne, que servem para nosso crescimento. Nos ensina, por exemplo, que estamos juntos com essa ou aquela pessoa para acertar determinados débitos, auxiliando-nos mutuamente, através da convivência baseado no amor e respeito mútuo. O casamento, portanto, é um sério compromisso que deve ser cuidado com zelo, na tentativa de viabilizar nessa experiência o que provavelmente não foi possível em experiências passadas. A freqüência com que os casamentos são desfeitos atualmente é deveras preocupante. São uniões frágeis por conta da imaturidade espiritual dos homens. Entretanto, a Doutrina Espírita, embora encaminhe o homem para encontrar seu equilíbrio dentro de seus lares, não condena o divórcio, pois entende que é uma lei humana necessária, que trata de separar legalmente o que já estava separado de fato. Mas, deve-se tentar por todos os meios preservar o casamento, por conta do conhecimento das leis divinas que é trazida aos homens através do Espiritismo.


Qual o papel dos pais perante os filhos?

Em o Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 9, Santo Agostinho deixa um verdadeiro tratado sobre as responsabilidades dos pais na educação dos filhos. São eles os responsáveis pela condução dos filhos ao caminho reto. Deus coloca em suas mãos a tarefa de fazer deles homens de bem, mas para isso é necessário que os pais também sejam pessoas conscientes da grave responsabilidade assumida. A educação verdadeira demanda exemplificação, pois sem o exemplo a palavra é vã. Quando se recebe um Espírito no seio familiar ele vem com defeitos e qualidades adquiridos ao longo de sua trajetória como Espírito imortal. Diz Agostinho que é necessário aplicar-se em estudá-los a fim de que se possa extirpar os males oriundos do egoísmo e do orgulho. Se isso não for feito e esse filho vier a se perder moralmente por negligência dos pais, eles serão responsabilidades pela grave falta perante Deus.


Podemos repreender uma pessoa? A crítica é falta de caridade?

Para respondermos esta questão, basta que olhemos para nossa vida privada. Se em nosso círculo familiar alguém se encontra em conduta inadequada que possa prejudicar-lhe ou prejudicar outros, o que fazemos? Deixamos a pessoa mergulhada no erro para não feri-la com admoestação ou agimos conforme manda o bom-senso, chamando carinhosamente sua atenção? Seria incompreensível se ficássemos calados, pois aí estaríamos faltando com a caridade, nos omitindo vergonhosamente. Assim mesmo devemos agir em nossa vida cotidiana, pois não podemos ter dois pesos e duas medidas. Podemos sim repreender alguém, se acharmos conveniente, e isso não configura falta de caridade. Mas para isso temos que ter autoridade moral sobre a pessoa em falta, pois nada vale condenar uma falta se ainda a praticamos. O Espírito São Luís, em O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo X, item 21, nos diz: "Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois é melhor que um homem caia do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas".


 que a Doutrina Espírita fala a respeito do homossexualismo? É um erro ou um estado de espírito?

A homossexualidade é um desvio de comportamento do Espírito e como tal, deve ser encarada. Às vezes, manifesta-se como uma prova (que alguns deixam-se vencer) e em outras, como expiações tenazes. Todos os que vivem neste planeta ainda atrasado, são portadores de imperfeições. A homossexualidade é uma delas. O sentido da encarnação é justamente a luta para libertar-se de uma forma ou de outra. Entretanto os problemas da sexualidade envolvem muitos aspectos por tratar-se de área nevrálgica do comportamento humano. Como tornou-se problema comum demais em nosso meio, por conta da liberdade de ação do ser, naturalmente busca-se explicar o homossexualismo como algo normal, apenas como uma opção sexual do homem. Daí a reação negativa quando alguém fala que a homossexualidade não é simples opção e sim um desequilíbrio da sexualidade. 
Se essa conduta fosse normal não traria tantas dores, decepções e sofrimentos para os irmãos que vivem dessa forma. E o sofrimentos não são conseqüências apenas do preconceito de que são alvo os homossexuais, mas advém principalmente dos danos psíquicos ocasionados pelas relações conflituosas e em desequilíbrio, salvo raras exceções. 
Como é algo de difícil controle e geralmente são pessoas que sentem imenso prazer na prática, é muito mais fácil aceitar o círculo de idéias de que é normal, de que trata-se apenas de uma opção sexual, do que aquelas que o endereçam ao reformulamento de conceitos e ao esforço em modificar-se.
Infelizmente, as idéias ditas "modernas" ganham força e os irmãos que necessitariam de uma ajuda grande no sentido do amparo, do amor e da compreensão do problema, são lançados na vida e estimulados a viver cada vez mais intensamente os desvios da sexualidade, trazendo sem dúvida problemas cármicos para futuras encarnações.


Como viver a homossexualidade em conformidade com a Doutrina Espírita? Se a pessoa quer viver essa experiência, não estará exercitando o seu livre arbítrio?

Sim, estará exercitando seu livre arbítrio, bem como quando ama ou odeia, quando estuda ou permanece ignorante, quando trabalha ou prefere a inércia etc. Todos somos imperfeitos e necessitamos de auxílio nos muitos aspectos da vida. O homossexual também o é. Tem um problema e pode tentar resolvê-lo ou fazer de conta que não o tem. Estará exercitando seu livre arbítrio da mesma forma. A mitificação do problema só serve para exacerbá-lo ainda mais, colocando essas pessoas como vítimas e não como criaturas que podem ser auxiliadas, se assim o desejarem. Claro que, se sentem-se felizes e querem vivenciar suas experiências de prazer carnal, deve-se respeitar isso. Porém, quem compreende os objetivos essenciais da existência do Espírito imortal, jamais poderá afirmar que esse é um comportamento normal ou que tal procedimento não trará conseqüências para a vida futura do Espírito. 
Jesus viveu entre adúlteros, cobradores de impostos e homens de má índole, não como um deles, mas para tirá-los da vida de erros em que se locupletavam por ignorância. Dizia "sede perfeitos" e não "continueis imperfeitos". No episódio da mulher adúltera, após todos terem ido embora, disse: "vá e não peques mais". Embora não tenha condenado a mulher, estimulou-a a deixar a vida de enganos. Poderia ter dito para continuar com a mesma vida para não ferir a suscetibilidade da mulher, "aceitando-a" entre os seus, mesmo com seus problemas morais. Mas agiu conforme a lógica de sua doutrina.


No âmbito da Doutrina Espírita quais são as conseqüências para a sanidade de quem tem responsabilidade direta pela desencarnação de outras pessoas?

Depende do caso. Tirar a vida de alguém é sempre uma infração à Lei de Deus. Mas em todas as atitudes está sempre presente a intenção. E a intenção agrava ou atenua a falta. Claro que envolve muitas nuanças que não podem ser avaliadas com tanta simplicidade, mas quase sempre se o móvel da ação foi futilidades e irresponsabilidades, a falta é muito maior sobretudo se o agente causal é dotado de conhecimento dos princípios do Evangelho. A sanidade está na razão direta da maturidade do Espírito. As conseqüências estão atreladas à lei de causa e efeito que tomará providências para que futuramente o mal seja corrigido.


Além dos transtornos inerentes a desarmonia de consciência, haverá outras afetações por influências de fatores externos, por exemplo: a possibilidade do indivíduo passar a ser obsidiado por sua vítima?

Sim, isso é possível e por este motivo é aconselhável que se dê amparo espiritual à pessoa que cometeu o delito, inclusive para que ela tenha a consciência da necessidade em mudar de atitudes. Assim poderá dificultar a ação do inimigo invisível, se porventura sua vítima resolver vingar-se. Jesus, em sua sabedoria, instava o homem a "reconciliar-se sem demora com o inimigo, enquanto com ele a caminho", entendendo todas as conseqüências do ódio e da mágoa de um indivíduo a outro, tanto no campo da matéria, quanto no mundo espiritual.


O que uma pessoa que matou a outra pode fazer para diminuir a aflição de sua consciência em virtude dessa atitude, absolutamente grave, porém inexorável quanto a possibilidade de receber reparação direta, pois não há mais vida?

A aflição da consciência pelo ato já dá mostras de que o ser entrou no processo de arrependimento, imprescindível para o restabelecimento do equilíbrio da alma do devedor. No mais, é trabalhar pela sua melhoria moral, única maneira de enfrentar as adversidades da qual foi artífice por conta da ignorância das Leis Divinas. Não há outro caminho. E para isso necessita da ação moralizadora do Evangelho de Jesus e o amparo caridoso dos entes queridos.


São válidas as iniciativas, daqueles que tem responsabilidade pela morte física de uma outra pessa, dedicar orações à sua vítima e ao exercício de reparações, trabalhando para que outras pessoas não tenham o curso de suas vidas interrompidas por monstruosidades semelhantes as por ele práticas?

Todas as iniciativas para minimizar erros e amparar os que sofredores são muito válidas. Nesse campo, as preces feitas com sinceridade de coração são verdadeiros bálsamos a amparar a alma do desencarnado. Quanto ao mais, todas as atitudes no campo do Bem e principalmente naquele em que se cometeu o delito, são extremamente válida, para minimizarem efeitos, tendo em vida o futuro do Espírito imortal.


O que os familiares podem fazer para ajudar a um filho que tem uma responsabilidade tão grave e hedionda, por haver transgredido as Leis Divinas tirando a vida de uma pessoa?

Sobretudo amar com benevolência e caridade, lembrando sempre que talvez muitos dos que o estão amparando já palmilharam esses dolorosos caminhos da ignorância. Em todas as situações de erros graves dessa natureza, os pais deverão assistir sem reservas, estimulando sempre as mudanças internas do filho amado, não se deixando dominar pelo desânimo e descrédito nas melhorias espirituais daquela alma difícil. Em tudo a Sabedoria Divina está presente e coloca-nos sempre onde é preciso estar.


O Aborto é crime perante Deus?

Toda ação que contrarie as leis naturais de Deus são consideradas infrações. Neste caso o erro consiste em interromper o reencarne de um Espírito, tirando-lhe, portanto, a oportunidade de crescimento. Segundo o Espírito de Verdade, somente é permitido o aborto em caso de risco de vida para a mãe. As histórias existentes de que os abortados transformam-se em tenazes obsessores de quem o abortou deve ser observada com desconfiança, pois não é isso o que nos instrui o Livro dos Espíritos. O exagero com que certos livros e mensagens encaram o problema, tratando quem pratica o aborto como assassinos, traz graves conseqüências para essas criaturas que se vêem atormentadas com a possibilidade de sofrerem penas cruéis nesta ou em outras vidas. Não há erros irreparáveis. O aborto é falta grave como qualquer uma outra que desrespeite a lei do amor ao seu semelhante. Sua gravidade será diretamente proporcional ao grau de instrução espiritual dos envolvidos e das circunstâncias que cercaram o fato.


O que acontecerá a uma mulher que provocou o aborto? E os médicos que fizeram o aborto?

Como praticou um ato contrário às leis de Deus, ela irá sofrer em sua consciência a dor moral pelo ato praticado. Como qualquer erro grave cometido pelo Espírito, submeter-se-á a expiações necessárias ao seu reajuste diante da vida imortal. O que acontecerá com ela vai depender de suas necessidades evolutivas e da misericórdia do Alto. Tanto quem se submete ao ato, como o médico que o pratica estão igualmente implicados na infração e não se pode esquecer que a responsabilidade de quem sabe é sempre muito maior, pois, "a quem muito foi dado, muito será pedido".


Interromper uma gestação, quando sabe-se que a criança nascerá sem cérebro, é pecado?

Pecado, significa o ato de transgredir as leis naturais. A interrupção de uma gestação é transgressão à Lei de Deus, em qualquer situação, salvo em casos de risco de vida da mãe. No caso de fetos malformados, não se pode avaliar espiritualmente qual a necessidade que tem as pessoas envolvidas de passarem por esta prova. Certamente que tudo tem um fim útil e os mecanismos da vida são ainda muito desconhecidos para nós, Espíritos que habitamos planetas de provas e expiações. Os meios de reajuste do Espírito é determinado pela lei de causa e efeito, sendo portanto, certas situações justas e necessárias ao reequilíbrio do ser, mesmo que nos pareça incompreensível.


Por que o Espiritismo aceita que se interrompa a gravidez se essa oferecer risco de vida à genitora? A vida desta teria mais valor que a do feto?

Não se trata de valor ou não, mas de coerência. Nos casos em que a vida da mãe está em perigo e se tiver que fazer uma escolha é mais racional sacrificar a vida do ser que ainda não nasceu e pode ter outra oportunidade do que aquele que já está em sua experiência de vida terrena, com responsabilidades assumidas. Em tudo deve prevalecer o bom senso.


O que o Grupo Espírita "Bezerra de Menezes" acha da atual legislação, no que diz respeito à este tema (aborto)?

O Grupo Espírita Bezerra de Menezes é contra o aborto em qualquer circunstância, exceto para os casos que a gestação coloque em risco a vida da mãe. Porém, não trata o aborto como um crime hediondo, nem assassinato, como fazem alguns autores de livros espíritas. Acredita que a gravidade de cada caso será de acordo com as circunstâncias que os envolveram. Uma jovem, por exemplo, poderá se submeter a um aborto pela pressão de familiares incompreensivos, de um namorado ou noivo ignorante. Há casos em que maridos obrigam esposas a cometê-los. Claro, ambos serão responsabilizados pelo ato insano, porém, Deus os julgará conforme a intenção íntima de cada um. A gravidade da responsabilidade pela realização do aborto é diretamente proporcional ao esclarecimento que os envolvidos possuírem a respeito das Leis de Deus, segundo nos ensina o Espiritismo.


É fato noticiado pelos jornais a gravidez de uma garota de 10 anos violentada pelo vizinho. Seria acertada a opção do aborto no caso em questão?

O caso em questão é um tanto dramático e envolve fatores referentes à situação moral da sociedade e necessidade de alguns Espíritos sofrerem resgates de situações delituosas ocorridas no passado. O Espiritismo elucida até essas graves questões morais, fazendo ver em tudo o cumprimento da Lei de Deus e de sua justiça. Claro que ninguém veio à Terra para ser estuprado, mas as contingências da vida e sua necessidade evolutiva, às vezes levam o indivíduo a viver situações difíceis, que levarão à redenção de seu Espírito, embora pareça ao homem algo incompreensível, por causa da sua estreita visão da vida. O aborto só é justificado quando a gravidez põe em risco a vida da mãe, o que não é este caso, segundo consulta feita a profissionais da área. Entretanto, se os pais da gestante optaram por essa alternativa por julgarem estar evitando o que acham um mal maior, estão exercendo o seu livre arbítrio, e mesmo que o caso tenha atenuantes, devido a ignorância dos envolvidos no que diz respeito às leis naturais, cada um receberá segundo suas responsabilidades na decisão de realizar o ato. Quanto maior o esclarecimento, maior a cobrança. O que leva a concluir que a pobre criança/gestante, na verdade, terá menor responsabilidade.


Um ser humano clonado teria Espírito?

Todo ser vivo é portador do princípio espiritual e o homem, que é a mais alta expressão da Divindade, é Espírito imortal criado por Ele para manifestar Seu poder no Universo. Portanto, se um dia for dado ao homem clonar homens (coisa pouco provável), é claro o clonado teria Espírito. Entretanto seriam individualidades diferentes.


Seria pecado o homem praticar a bissexualidade se lhe dá prazer e não lhe prejudica o corpo, e lhe supre a carência?

A pergunta é um tanto complexa para se dar uma resposta objetiva, pois diz respeito a um problema que envolve uma série de questões. Mas, diremos que se olharmos apenas sob o ponto de vista da vida presente, talvez não tivesse nenhuma conseqüência, a não ser os riscos de contaminação, caso não tenha cuidado com parcerias (risco de doenças sexualmente transmissíveis).
Entretanto, somos seres espirituais também. Temos uma vida futura e uma grande responsabilidade quando encarnamos. Existem as leis divinas (naturais) que são inexoráveis, quer acreditemos ou não. E nelas está a lei e causa e efeito. Num relacionamento bissexual não há compromissos com nada a não ser com os prazeres. E não viemos ao mundo para viver apenas os prazeres, mas para buscar o equilíbrio entre corpo e alma. Procuremos meditar sobre nossas vidas e encontraremos as respostas dentro de nós mesmos. Todas as carências são doenças da alma e se buscarmos resolvê-las com as coisas materiais ou com os prazeres da carne, poderemos entrar em um caminho de grandes insatisfações pessoais. O pecado está em se praticar o erro, quando já se tem condições de discernir a verdade do engano. Estamos em época de luzes, de conhecimento. Não se pode mais pretextar ignorância das coisas do Espírito imortal.


Não é um aborto a rejeição dos embriões congelados pela família? A destruição deles também não constitui um aborto? 

Não, isso não constitui aborto, a não ser quando é realizado depois da implantação no útero, como vem fazendo a medicina moderna. O embrião congelado é apenas um corpo, sem Espírito ainda.


De quem é a responsabilidade "espiritual" (perante Deus) desses tipos de procedimentos que permitem descartar embriões como se fossem um lixo qualquer? E mais, como ficam esses Espíritos que não chegam a reencarnar?

Como dissemos, esses embriões ainda não estão destinados a um Espírito e só o serão quando vão ser submetidos ao implante no útero da mãe. A lei de Deus é justa e jamais poderia confinar um Espírito em um embrião congelado esperando a implantação. De todo modo, esses procedimentos são resultados do avanço do homem e quando são feitos sem a ética cristã certamente têm conseqüências desagradáveis para a humanidade. Mas o homem avança só até onde Deus permite.


Qual deve ser nossa atitude diante de trabalhadores e dirigentes que fumam ou bebem? 

Eis aí uma delicada questão. No Movimento Espírita, em todos estes anos, se folgou tanto com o mal, que até um ditado hipócrita foi criado. Dizem que é melhor a pessoa fumar ou beber sendo espírita do que não sê-lo. Os espíritas de fachada se escondem atrás deste tipo de filosofia de botequim para justificar seus vícios. Se for admitida uma mentalidade desta natureza, porque não se aceita também o adultério, a separação entre casais, a desonestidade, assassínio etc? E, por conseqüência, a religião de aparências. Todos somos portadores de vícios e imperfeições morais. Nos diálogos que desenvolvemos na intimidade do centro, este assunto deve ser discutido de forma sincera entre os trabalhadores. Para quem é espírita, vencer o hábito de fumar ou o costume de beber é um coisa relativamente fácil. Quem não tiver força moral para vencer isso, deve abster-se do posto diretivo no núcleo de trabalhos e afastar-se das relações com o invisível. Se não se pode com um cigarro, que se fará com a agressão de um Espírito mau?

O ESPIRITISMO E AS RELIGIÕES

Só o Espiritismo salva?

Não é o Espiritismo ou qualquer outra religião que salva. O que faz o Espírito se salvar (tomar consciência da Verdade) é seu esforço em praticar boas ações, instruir-se para vencer suas más inclinações, adquirir sabedoria e fazer todo o bem possível ao seu próximo. O que salva é a doutrina de Jesus, entidade responsável pelo planeta, que esteve no plano físico para revelar a Lei na sua maior clareza. Todo aquele que a compreende e a vivencia em espírito e verdade, entrará no Reino de Deus, ou seja, no mundo do entendimento da realidade.

Porque o Espiritismo teve seu início na Europa e não se desenvolveu? O Brasil é a maior pátria espírita no mundo?

No princípio, quando surgiu a Doutrina Espírita, havia um espírito da época, onde se achava que os ensinamentos da Espiritualidade iriam transformar o mundo para melhor em alguns anos. Certos Espíritos que trabalharam na Codificação e o próprio Allan Kardec assim pensavam. Porém, a história tomou outro rumo. O planeta ainda iria ter de conviver com uma forma bem mais perniciosa de materialismo, ou seja, aquela que hoje predomina na sociedade, onde o ser humano é tratado como mero objeto de consumo. O positivismo da época relativa ao nascimento do Espiritismo desapareceu. Infelizmente o sistema planejado pelo Codificador para dar corpo ao movimento espírita nascente não foi criado. Sem método, sem organização racional e homens de coragem, a doutrina simplesmente desapareceu da Europa. Transferida para o Brasil por alguns intelectuais, a Doutrina continuou não encontrando espaço para se desenvolver conforme esperava Kardec. Transformou-se num movimento caracterizado pela total ausência da metodologia kardequiana, com tendências católicas e segmentos fanáticos que cultivam a idolatria de vivos. Um espírito chamado Ismael, ligado às teses do advogado francês Jean Baptiste Roustaing, usando de uma política católica chamada "unificação" (que mantém a unidade na Igreja), sufocou todos os esforços em se kardequizar o sistema. Pode-se dizer que o Brasil é o maior país espírita do mundo. Mas não é por nenhuma razão especial. Simplesmente é porque quase não há "Espiritismo" em outros lugares do mundo. Enquanto aqui existe cerca de oito mil casas espíritas, no resto do mundo elas não passam de alguns centenas.


Quem é o Consolador Prometido por Jesus: Espírito de Verdade? Jesus? A Doutrina?

O Consolador prometido por Jesus é a Doutrina Espírita. Ela veio fazer renascer no mundo a doutrina do Cristo (cristianismo) que estava esquecida, abafada pelo ceticismo do século XIX.. Trouxe as explicações necessárias às palavras de Jesus, que permaneceram envoltas em um véu desde o seu aparecimento. Alargou os horizontes do conhecimento humano falando ao homem de suas origens, de seu destino e de seu objetivo como Espírito imortal. O Espírito de Verdade é a expressão do pensamento divino manifesto nos Espíritos Superiores responsáveis pela Codificação kardequiana. É uma plêiade de Espíritos que trabalham em nome do Bem e para estabelecimento do Reino de Deus na face da Terra.


Algumas pessoas pretendem retirar o caráter religioso do Espiritismo. O que vocês acham? O Espiritismo é Cristão ou não?

Transcreveremos abaixo a opinião do Espírito de Verdade, encontrada no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 5: "Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana...". E ainda um comentário de Alan Kardec, no capítulo XVII, item 4, que resume esta polêmica a zero: "O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo ao dar uma fé sólida e esclarecimento aos que duvidam ou vacilam". Rejeitar o caráter cristão do Espiritismo é rejeitar toda a essência da doutrina, que é a mesma da doutrina de Jesus. Os intelectuais, de um maneira geral, rejeitam secularmente a religião ou tudo o que se envolve com ela, pois julgam que tais instituições são castradoras da liberdade. Mas, no caso de intelectuais espíritas, tal atitude é incompreensível. Os ensinamentos dos Espíritos superiores resume a questão, dizendo que o Espiritismo não só é cristão, como é o próprio Cristianismo que ressurge mais forte, trabalhando com a racionalidade, ampliando o conhecimento do homem e endereçando o mesmo ao entendimento de si mesmo.


Como é a hierarquia do movimento espírita? Como o movimento faz para se defender de seitas que se intitulam espíritas e que não seguem o kardecismo?

Não há hierarquia no Movimento Espírita. Todos são livres para praticarem o Espiritismo como bem entendem. Isso, por um lado tem vantagens, mas apresenta também seus problemas. A liberdade excessiva e a falta de compromisso com alguma coisa superior, levou ao enfraquecimento das práticas, dando origem a distorções, condutas e pensamentos que envolvem os adeptos da Doutrina Espírita. Os espíritas nada fazem para se defender daqueles que se intitulam "espíritas", sem o ser. Na maioria das vezes, esperam que o tempo resolva o problema ou freqüentemente nem se importam com isso.


A Religião deve temer a Ciência?

Ciência e Religião é igual a razão e fé. Toda fé deverá ser fundamentada na razão, caso contrário sucumbirá às evidências do progresso da ciência. Allan Kardec nos diz que "fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade". Com o progresso da humanidade, ciência e religião caminharão juntas. Assim é a Lei. Infelizmente, muitas religiões ainda têm a ciência como inimiga da fé.


Como os espíritas celebram o Natal (nascimento de Jesus Cristo) e a Páscoa (ressurreição de Jesus Cristo)?

Da mesma forma que qualquer cristão, com o respeito que as datas merecem. Entretanto, não se pode esquecer que essas datas estão inseridas em um contexto comercial, com forte apelo consumista, que deve deixar alerta qualquer pessoa sensata. Sabe-se que a data do Natal foi criada muito depois do nascimento de Jesus, no ano de 749, quando o imperador Bernardino, o Pequeno, por ocasião da inauguração da Nova Roma, aproveitou a data festiva (25 de dezembro) e instituiu como o dia do nascimento de Jesus. Embora a data comemorada não seja a real, pois na verdade não se sabe ao certo o dia em que nasceu o Mestre, ela tem seu valor por concentrar um número grande de bons pensamentos nessa época, onde as pessoas, por seus sentimentos inatos de religiosidade, ficam mais dóceis, amáveis e fraternas. A Páscoa é uma festa judaica que comemora a saída do povo hebreu do Egito. Como nesse dia foi realizada a crucificação de Jesus, os cristãos absorveram, desde aí, como comemoração de Sua imolação. Deve ser vista apenas como um festa cultural religiosa, sem maiores conseqüências.


Como os espíritas avaliam as diversas religiões orientais espiritualistas, que desenvolvem, também, um trabalho voltado para a evolução do ser humano tendo o altruísmo como ensinamento básico?

O Espiritismo é a doutrina de Jesus e, como tal, oferece aos homens a possibilidade de libertar-se da situação de ignorância espiritual, através de Seus ensinamentos, que se sustenta basicamente no exercício do amor ao próximo. Portanto, todas as doutrinas que professem o mesmo sentimento podem levar o homem a compreender melhor sua essência divina. Entretanto, as religiões orientais por desconhecerem os ensinos libertadores de Jesus, embora tenham conhecimento da imortalidade do Espírito, permanecem presas ao atraso material e intelectual reinante nas regiões onde se localizam. Certamente, são religiões que foram criadas para atender um fim específico, ligado ao desenvolvimento de Espíritos encarnados em determinadas áreas do planeta. Mas, de um modo geral, não se coadunam com a modernidade do mundo ocidental, nem com as necessidades dos seus habitantes. A doutrina de Jesus é superior a elas em todos os sentidos, pois não se atrela a ritualismos, exterioridades, nem fanatismos.


É normal que nos Centros Espíritas haja imagens de "preto-velho" ou qualquer tipo de imagens e quadros?

A Doutrina Espírita direciona o homem em busca do entendimento de si mesmo, libertando-o da ignorância das coisas essenciais. As imagens de qualquer natureza denotam o apego do homem à idolatria e aos costumes de suas antigas crenças. Não faz sentido existir imagens em centros espíritas, quer sejam de pretos-velhos, Nossa Senhora ou Jesus, quer sejam quadros de Espíritos benfeitores como comumente se vê. A casa que acolhe esse costume com naturalidade, certamente está ainda sob o jugo do atraso. Falta-lhe o hábito do estudo libertador. Como o costume católico está impregnado na consciência dos espíritas, comumente se vê nos centros quadros dos grandes luminares do Movimento Espírita, alguns ainda encarnados, o que denota uma condição de fanatismo e idolatria.


O que o Espiritismo entende a respeito do que é o Espírito de Verdade?

O Espírito de Verdade é um corpo de idéias trazidas para nós por iluminados missionários de Deus, sob a égide de Jesus Cristo. Não é uma única entidade como a igreja fez crer por longos anos (e ainda acredita até hoje), mas uma plêiade de Espíritos que trabalham em nome do Bem. O Espírito de Verdade e o Espírito Santo são a mesma coisa, ou seja, esse conjunto de idéias que move o mundo em direção à Verdade, à Justiça e à Paz.


Por que a Doutrina Espírita não aceita o Antigo Testamento, como um livro confiável, sendo que Jesus testifica todos eles como inspirados por Deus?

A Doutrina Espírita aceita a Bíblia como um livro de muita sabedoria, pois é lá que estão todos os fundamentos da mensagem de Deus aos homens. Allan Kardec e os Espíritos superiores tratam das Escrituras Sagradas com muito respeito e com o devido valor. O Velho Testamento se ocupa da Lei antiga e o Novo Testamento, da Boa Nova que Jesus, o Cristo, trouxe à humanidade, para todos os tempos. Não sabemos onde você ouviu esta informação, mas saiba que ela não é verdade. Os espíritas que acham que a Bíblia não é confiável estão equivocados e muito longe da compreensão da profundidade da Doutrina Espírita.


Qual a importância de Moisés? Podemos, como espíritas, nos ocupar de seus escritos?

Moisés foi o homem escolhido por Deus para semear entre os primitivos a lei de todos os tempos e de todos os povos. Estruturou-a em Dez Mandamentos, resumindo os deveres que fariam das criaturas, homens de bem. Ao lado disso, porém, estabeleceu leis disciplinares que pudessem deter uma comunidade de homens primitivos dentro de um sentido mínimo de convivência. Há, portanto, que se separar o que é divino (Lei de Deus) do que é humano (lei disciplinar) na obra desse legislador hebreu. A grande missão dele foi preparar o terreno para que mais tarde Jesus pudesse semear a mensagem da fraternidade universal. Recebeu, portanto, a Primeira Revelação de Deus aos homens. A Lei disciplinar de Moisés está contida nos cinco livros atribuídos a ele: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A Lei divina são os Dez Mandamentos. Como espíritas temos o dever de saber a gênese de nossa doutrina que não é outra senão a do Cristo, que por sua vez, veio desdobrar os Dez Mandamentos da Lei de Deus.


Porque diz-se que o Espiritismo é a Terceira Revelação?

O Espiritismo é a Terceira Revelação de Deus aos homens. Antes dela vieram a Primeira, com Moisés e a Segunda, como Jesus Cristo. É uma Revelação porque mostra a existência e natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo material; desenvolve, completa e explica o que foi dito de forma alegórica por Jesus; dá um sentido à vida e explicação lógica ao sofrimento e dificuldades vivenciadas pelas criaturas e abre um vasto campo de possibilidades de crescimento e dá ao homem a definitiva certeza de sua imortalidade e universalidade. Allan Kardec diz: “Ele (o Espiritismo) é portanto obra do Cristo, que o preside, assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a terra” – (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 1, 7).


O que é niilismo. O que se entende por postura niilista da vida?

O niilismo é a doutrina do nada. A postura niilista da vida é a maneira imediatista do homem ver a vida, sem a salutar confiança no futuro. A idéia de que a vida se resume entre o nascer e o morrer tem sido a grande razão pela qual a humanidade se mantém no atraso moral. A dúvida sobre o futuro faz com o que o homem concentre seus pensamentos apenas na vida terrena. Sem idéia do porvir, dedica-se inteiramente ao presente, depositando sobre ele todas as suas esperanças de felicidade. Considera os bens terrenos muito preciosos e sua perda causa-lhe pungente dor e sofrimento.
A idéia da nulidade é o mais grave engano da humanidade, o que leva o homem a posturas de extremo egoísmo que tem caracterizado o comportamento em todos os tempos. Com esse pensamento, o homem elaborou seu alicerce em valores transitórios, dando à vida uma importância calcada unicamente na aquisição de riquezas materiais, único bem a que se dispõe adquirir. Tivesse a idéia da conseqüência danosa desse pensamento para a sociedade e para a edificação de seu Espírito imortal, trataria de rever urgentemente seu ponto de vista. Sem perspectivas de futuro (para o Espírito) todas as suas lutas resumem-se em superar o outro, em contraponto com o verdadeiro objetivo da vida, que é a superação de si mesmo. Como a idéia da vida futura lhe é vaga, e às vezes resume-se apenas a frágeis concepções religiosas ou filosóficas, trata de suprir apenas o presente, esbaldando-se em esforços nas conquistas da matéria, única coisa real e justificável em sua ótica niilista.


Qual o papel do Espiritismo no mundo de regeneração?

O Espiritismo tem preponderante papel nesse processo. Deverá oferecer aos homens as ferramentas para a compreensão das leis de Deus. Ou seja, dar aos homens as condições de entendimento a fim de que possa promover a paz pessoal e coletiva. Os centros espíritas poderão ser estruturados de forma a ensinar a conduta cristã aos homens, que a absorverão com facilidade e rapidez. Serão, no mundo de regeneração, o que deveriam ser hoje, ou seja, núcleos equilibrados onde o homem possa abastecer-se da mensagem de Deus, sem os fanatismos, sem fantasias e idolatrias de vivos, próprios de mundos atrasados. Templo e escola, oferecendo os saberes humano e divino. O Espiritismo oferece um vasto horizonte de crescimento, explicando ao homem sua origem e a origem de seus males. Através da compreensão de seus princípios de reencarnação e da lei de causa de efeito, a humanidade poderá mudar seu ponto de vista e assim melhorar suas condições de vida terrena.


Como proceder para realizar o Culto do Evangelho no lar?

O culto do Evangelho no lar é muito simples e traz grandes ensinamentos e equilíbrio para a família. Deveria ser um hábito de todos as pessoas que se dizem cristãs. Não existe uma fórmula, mas pode-se dar alguns conselhos nesse sentido. Faz-se uma prece no início, pedindo a proteção de Jesus. Lê-se um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, do Novo Testamento ou de livros e mensagens de procedência idônea. Faz-se breves comentários, de maneira que todos exponham seus pensamentos sobre a lição. Depois, o mais experiente fecha o comentário, se houver necessidade. A seguir realiza-se a prece de encerramento e está feito. Dura, no máximo, 30minutos (de 15 a 30). Numa reunião dessa natureza não comporta manifestações de Espíritos, mesmo que sejam supostos guias familiares. Se houver insistência dos Espíritos para essa prática deve-se ter cautela e observar duas coisas: ou o grupo está sob influência de Espíritos pouco esclarecidos ou conta com a presença de alguma pessoa em desequilíbrio de sua mediunidade. O lugar de manifestações de Espíritos é nas reuniões criadas para esse fim, nas casas espíritas.


Tenho um colega, que já foi espírita e hoje é presbiteriano, que afirma ter evoluído ao abraçar a nova doutrina espiritual. Diz, ainda, o referido rapaz, que as lembranças de vidas passadas, tão bem documentada pela Doutrina Espírita, não passam de recordações provenientes do inconsciente coletivo, fato cientificamente comprovada. Sempre ouvi dizer que a nossa doutrina caminha lado a lado com a ciência e isso foi o que me trouxe a ela. Como argumentar?

Em primeiro, dizemo-lhe que não adianta argumentar as teorias da Doutrina Espírita com os irmãos protestantes. Embora seja uma crença séria e muito ligada aos valores do Espírito (exceção feita às pentecostais, que mercadejam com as coisas de Deus), eles se apegam demais à letra das Escrituras e não adentram no espírito dela. E como diz nosso mestre Paulo de Tarso, a letra mata e o espírito (da letra) vivifica.
Não nos causa surpresa a afirmativa dele de que tenha evoluído ao deixar a Doutrina e entrar no presbiterianismo, que é de muita seriedade. Deve ter tido contato com algo que nada tem a ver com o Espiritismo, como estamos cansadas de ver por esse país a fora. Pois, digo-lhe que quem compreende de fato a Doutrina dos Espíritos dela não quer mais se afastar. Mas nem sempre é assim.
A certeza da reencarnação é única e exclusivamente a crença na justiça divina. Se Deus é bom, justo e perfeito, jamais criaria um mundo de desigualdades, sem que suas criaturas tivessem novas chances de se redimir de seus erros. Seria injusto e incompreensível. A tese do inconsciente coletivo é usada largamente pelas ciências psíquicas, que sem acreditar em nada além desta vida, acharam este gancho para explicar os tantos fatos inexplicados de loucura, desajustes, acessos de ódio, violência etc. Essa tese anula a individualidade após a morte e me admira que doutrinas tão belas como o protestantismo, defenda isto que nada mais é que o materialismo escondido por trás da ciência, que lhe dá o aval de seriedade. É a condição de atraso da humanidade. Sugiro que não procure argumentar, mas leia o capítulo IV do Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, no capítulo VI também, perguntas 166 a 221.


Qual a visão espírita com respeito a centenas de pessoas que morrem em acidentes naturais como o que ocorreu no terremoto da Turquia há pouco tempo? Como explicar um acidente de avião onde outras centenas de pessoas morrem? Será que todas tinham que morrer daquela maneira? E o que dizer de um motorista que dorme ao volante de um ônibus levando todos os passageiros à morte? Esse motorista foi um instrumento, quer dizer ele estava fadado a cometer esse ato, causando a morte dessas pessoas que tinham que morrer? Ou será que o descuido do motorista levou todas aquelas pessoas à morte sem necessidade?

Para bem compreender o tema sugerimos a leitura do capítulo VI de O Livro dos Espíritos, sobre guerras, destruição e flagelos. As mortes nem sempre estão programadas, pois muitas vezes são conseqüências do descuido e irresponsabilidade de alguns. Mas, nos grandes acidentes, muitos expiam seus débitos. De todo modo, no mundo atual, devido à situação de dificuldade moral que se vive, muitas pessoas retornam prematuramente por conta dos excessos de toda ordem. Os acidentes por negligência não estão programados e seria injusto se o fossem, mas nessas situações alguns se encontram em situação de resgate, outros já terminaram mesmo sua jornada e outros vão antes da hora. Em tudo , a Lei de Deus, mesmo que nos escape ao entendimento. Sugerimos o estudo de todo o capítulo IV de O Livro dos Espíritos.


Atualmente, temos visto muitos problemas com comunidades carentes e formamos uma Instituição cujo objetivo principal é a filantropia. Estamos atendendo semanalmente 40 (quarenta famílias), sendo estas de diferentes religiões. Seria prudente entrarmos com a divulgação de nossa doutrina?

Existe um equívoco quanto ao que se faz em todo o Brasil em termos de Espiritismo. Por toda parte se pratica apenas assistencialismo. A Doutrina Espírita não veio à humanidade para assistir o homem em suas necessidades materiais. Sua missão principal é a de esclarecer a respeito da verdade em todas as suas conseqüências. Isso, pouca gente sabe fazer de maneira produtiva.
A assistência social deve ser praticada pelos grupos espíritas, mas como conseqüência do entendimento de que é preciso fazer alguma coisa para ajudar quem tem fome. Mas, se não ensinarmos aos homens o caminho do Evangelho, quando desencarnarem, permanecerão em trevas. Concluí-se daí, que o verdadeiro alimento é o conhecimento. O verdadeiro espírita não faz apenas filantropia sem ensinar a Doutrina que liberta o Espírito.


Como interpretar o culto do Candomblé?

O Candomblé é um culto africano. Os negros africanos, ao chegarem ao Brasil, trouxeram um culto primitivo, oriundo de sua pátria, conhecido como Candomblé. Cultuavam alguns deuses chamados por eles de "orixás". Essas divindades seriam, por um lado, ligadas à natureza e por outro aos homens. Praticantes seculares do mediunismo, os negros adeptos do Candomblé, não aceitavam e não aceitam até hoje, a "incorporação" em seus médiuns de Espíritos de "mortos". No Candomblé um Espírito errante é chamado de "egum". Nos terreiros de Candomblé, só se manifestam mediunicamente as divindades chamadas de "orixás".
O Panteão Africano constitui-se basicamente por sete Orixás Maiores e ainda por muitos Orixás Menores. Os primeiros, são voltados para o lado mais divino da obra de Deus. Os últimos, são mais ligados à própria criatura humana.
Os "orixás", ao presidirem a própria natureza através de seus agentes, trariam em si características de personalidade que os ligariam a determinados estados evolutivos da espécie humana. A vibração provocada pelo tipo de personalidade de um certo indivíduo, vai colocá-lo sob a influência de determinado "Orixá". Diz-se, então, que ele é oriundo daquela faixa psíquica, ou como fazem no Candomblé, que ele é "filho de Santo". Nada tem a ver com Espiritismo.


Gostaria de saber se em um centro espírita, onde tudo foge da Doutrina de Allan Kardec como: não tem hora para começar e nem terminar, assuntos supérfluos, moral do dirigente inadequada, consultas nos trabalhos mediúnicos, etc., um médium pode se afastar da tarefa por não concordar com o trabalho? Haverá influência negativa em sua vida? A mediunidade ficaria desequilibrada? Seria falta de caridade?

A respeito de suas perguntas, e levando em consideração seu relato, temos a dizer que estará melhor longe desse grupo, pois está sob jugo de Espíritos atrasados. Procure um grupo sério onde você possa estudar a Doutrina com dedicação e discernimento. Se não encontrar, estude em casa e visite os sites sérios sobre o Espiritismo, lendo os trabalhos escritos sobre as atividades doutrinárias. Estará melhor assistida e terá mais proveito, sem dúvida. Se puder esclarecer outras pessoas de lá sobre essas coisas, tanto melhor. Alguns não sabem que estão se prejudicando nesse tipo de núcleo em completo desequilíbrio. Existem muitos assim, sem dúvida.


Os Adventistas do Sétimo dia e os Judeus têm o dia do Sábado como dia escolhido por Deus para a louvação. Faz parte dos Dez Mandamentos das Antigas Escrituras. Gostaria de saber mais a respeito disso, pois tenho parentes adventistas e amigos judeus, que combatem o Catolicismo por "guardarem" o Domingo.

Guardar o sábado ou o domingo é apenas uma questão de forma. Quando as Leis vieram através de Moisés, o sábado já era um dia reservado à adoração pelos povos antigos. Santificar o dia de Sábado, na verdade quer dizer que pelo menos um dia da semana o homem teria que se dedicar às coisas de Deus. Mas tanto pode ser sábado, como domingo, como qualquer outro dia. É apenas uma questão de forma. Na verdade o homem de bem teria que se dedicar a observar a Lei todos os dias. Mas ainda somos atrasados para compreender isso. Que seja pelo menos em um dia. Não faz sentido achar que é neste ou naquele. Pensar assim é grande sinal de atraso espiritual ainda.


Porque o Espiritismo não aceita banhos, velas, sal, talismãs e outras coisas e usa água fluidificada e passes? Onde Kardec falou desse procedimento?

Importante se definir sob qual orientação espiritual queremos nos manter. O Espiritismo é uma doutrina codificada por um missionário chamado Allan Kardec. Em todos os seus ensinamentos, ele e os Espíritos superiores que trabalhavam com ele, nunca prescreveram qualquer tipo de talismã ou objetos que pudessem servir para ajudar uma pessoa na solução dos seus problemas. Ora, quando examinamos os ensinamentos do Cristo, também encontramos o mesmo espírito. Kardec afirma que certas pessoas utilizam de objetos materiais para despertar a sua fé. Mas deixa claro que isso é uma estreiteza de visão desses Espíritos. Claro, uma doutrina não pode nivelar seus conceitos por princípios ligado à transitoriedade e relatividade das coisas. Quem precisa de objetos para despertar sua fé está mais atrás na senda do progresso e não deve, em hipótese alguma, ser tomado como exemplo a ser seguido.
O passe nada mais é que a imposição das mãos, ensinada por Jesus e muito utilizada na época do Codificador para magnetizar enfermos e obsediados. Quanto à água fluidificada, ela fundamenta-se no princípio de que os objetos materiais podem ser magnetizados. No caso da água, supõe-se que ela seja o elemento mais fácil de receber energias, por causa de sua natureza etérea. Daí nasceu a idéia de se magnetizar esse elemento, para os enfermos pudesse utilizá-los no tratamento de suas doenças. Nas Obras Básicas e na Revista Espírita, Allan Kardec fez longos e sérios estudos sobre o magnetismo e natureza e utilização dos fluidos humanos e espirituais.


A Bíblia condena o Espiritismo?

A Bíblia não condena o Espiritismo, pois o termo Espiritismo surgiu em 1857 com Kardec. O que a Bíblia proíbe, e com justiça, é a pratica da mediunidade de forma incorreta. E a mediunidade não é exclusividade do Espiritismo. Este comentário existe porque Moisés proibiu a evocação dos mortos, pois essa prática havia se tornado um abuso entre os judeus, com videntes sendo consultadas a todo instante, por motivos fúteis, causando grande confusão na coletividade.